Os ursos polares e pinguins vendidos em aplicativos infantis oferecidos na Google Play Store podem ter sido virtuais, mas as cobranças não autorizadas às quais mães e pais foram presos eram muito reais. Um acordo proposto pela FTC reembolsará pelo menos US$ 19 milhões aos pais cujas contas foram cobradas ilegalmente, de acordo com a reclamação, e implementará mudanças aplicáveis ​​na forma como o Google lida com compras no aplicativo. É claro que a ordem se aplica apenas ao Google, mas o caso oferece dicas de conformidade para qualquer pessoa da indústria de aplicativos. Como suas práticas são avaliadas?

Muitos dos aplicativos infantis disponíveis no Google – mesmo alguns gratuitos – oferecem compras no aplicativo. Com um custo por clique que varia de 99 centavos a US$ 200, eles não são baratos. De acordo com a FTC, quando o Google introduziu pela primeira vez cobranças no aplicativo em 2011, a empresa não exigia senha ou outro método para obter a autorização do titular da conta. As crianças poderiam incorrer em cobranças no aplicativo cobradas de seus pais simplesmente clicando em pop-ups dentro do aplicativo – como mães e pais descobriram quando verificaram seus extratos e descobriram que todos esses cliques resultaram em pesadas cobranças não autorizadas.

Em algum momento de 2012, o Google mudou seus procedimentos e passou a apresentar um popup que pedia a senha do titular da conta antes da compra. Mas a FTC afirma que a suposta “solução” do Google não resolveu o problema – e na verdade introduziu novas rugas confusas. Por exemplo, o novo pop-up apenas pedia ao titular da conta que digitasse sua senha e clicasse em CONFIRMAR, mas nunca mencionou nada sobre a cobrança por uma compra no aplicativo. Mas fica pior: o Google não disse às pessoas que inserir uma senha abria uma janela de 30 minutos onde as crianças poderiam acumular cobranças ilimitadas sem a aprovação da mãe ou do pai. Na verdade, a forma como o Google decidiu projetar seu sistema de pagamento criou uma maratona de compras de meia hora para as crianças, com os pais obrigados a pagar a conta. Nesse caso, o grande destaque foi o Google, que embolsou cerca de 30% para cada aplicativo vendido em sua loja.

Esta não é a primeira salva da FTC contra cobranças não autorizadas em aplicativos infantis. Em janeiro, foi feito um acordo de US$ 32,5 milhões com a Apple que exige que a empresa obtenha o consentimento expresso e informado do titular da conta. Em julho, a FTC processou a Amazon.com, também buscando reembolso total para os consumidores e uma ordem que exigia consentimento informado para cobranças no aplicativo. (Esse caso está pendente no tribunal federal de Seattle.)

Para os membros da indústria de aplicativos interessados ​​em manter suas práticas dentro da lei, que dicas eles podem tirar do acordo do Google?

1) Obtenha o consentimento expresso dos consumidores antes de cobrar. Não é um conceito novo, mas vale a pena repetir: é ilegal cobrar cobranças nas contas dos consumidores sem a sua permissão. Essa era a lei antes do advento dos aplicativos móveis e vamos arriscar e dizer que o mesmo princípio se aplicará à próxima novidade. Independentemente do que você vende ou como você vende, informe as pessoas antes de cobrá-las.

2) Leia – e preste atenção – ao seu e-mail. De acordo com a denúncia, o Google começou a ser criticado pelos consumidores quase assim que introduziu compras dentro de aplicativos infantis. A reclamação da FTC cita apenas algumas das milhares de comunicações de pais que deveriam ter deixado claro para o Google que ele tinha um problema em mãos. Qual é a mensagem para os profissionais de marketing? Uma medida perspicaz – e gratuita – do que está acontecendo no mercado é o que seus clientes estão lhe dizendo.

3) Ouça sua equipe. Não foram apenas os pais que expressaram preocupações. Num e-mail de 2012, um gerente de produto do Google alertou os superiores que:

A “fraude amigável” (compras não autorizadas por pessoas que você conhece) é a principal causa de estornos. Por exemplo, os pais percebem que seus filhos fizeram uma série de compras e ligam para a administradora do cartão de crédito alegando que não foram autorizadas. A Risk estima que cerca de 80% dos estornos atuais são motivados por esse problema específico.

Outra comunicação interna referiu-se a um “elevado número de pedidos cancelados para cobrança no aplicativo” e explicou que “geralmente tendem a ser fraudes familiares (as crianças pegam o telefone e compram muita comida para peixes virtuais)”. Lembre-se: essas não foram citações de alguém com um machado para moer. É o que o próprio pessoal do Google dizia sobre problemas com o processo de pagamento.

4) Evite a correção do truque. Depois de saber que há um problema, comprometa sua empresa a corrigi-lo imediatamente. É improvável que medidas tímidas resolvam o problema. Como alega a reclamação neste caso, as mudanças implementadas pelo Google não resolveram o problema.

Qual é o próximo passo para as empresas? Pense em como você cobra os clientes para ter certeza de ter sua autorização expressa. Tome especial cuidado com aplicativos relacionados a crianças. Se você foi um dos pais cobrados sem sua permissão, o acordo exige que o Google entre em contato com você no prazo de 15 dias após a entrada final do pedido com detalhes sobre como obter um reembolso.

Você tem até 6 de outubro de 2014 para registrar comentários on-line sobre o acordo proposto.